maio 01, 2015

Capítulo novo

Antigamente eu escrevia apenas quando sofria (e como escrevia!). Com um punhado de letras metralhava o “oponente” com palavras afiadas de tristeza. Foram anos escrevendo e (se) ferindo com frases e orações escolhidas no fundo do abismo mais profundo da alma.

Meses se passaram e nenhuma palavra saiu pelos dedos. As armas foram guardadas, as lágrimas secaram e silêncio reinou. Hoje, voltei a derramar as velhas conhecidas lágrimas, como naquele tempo. Mas pela primeira vez, chorei sem sofrimento e tristeza. Chorei de saudade, de sentir falta do cheiro, do gosto. Chorei porque vou ficar longe. Chorei porque parei de escrever sobre dores. Chorei porque finalmente entendi: ágape.

Hoje, escrevo sobre cores. As cores que direciono para as pessoas que me fazem bem. Pra você, são todas elas. Uma mistura alegre e colorida de tudo que precisa para transformar o mundo. O nosso mundo! Que a cada dia, a cada desafio como esses tantos km que nos separam agora, pintamos um pedacinho.


Batendo hoje com suavidade nas teclas dessa velha máquina, continuo a escrever. Com um sorriso tranquilo e a lembrança do calor do teu peito. Agora, um novo capítulo. Talvez, inspirado em alguma obra já existente, em alguma heroína já existente. Ser  Anita é uma boa, quem sabe. 

ICS

maio 20, 2014

Do tempo que passa e só você não vê

“-Eu conheço esses olhos
-Não, não conhece mais.
-Mais do que ninguém eu sei quando tu sofre, nega
-É, mais do que ninguém
-Quem sabe um dia, que nem eu, ele perceba a mulher incrível que tu é

-Quem sabe um dia, que nem o teu, já seja tarde.”


-ICS

março 31, 2014

Do dezembro que passou e do que vai vir

Abraço. Beijo. Mensagem de texto. Ligação. Cozinhar. Beber no batatas. Sentar na grama pra fumar. Ouvir as músicas chatas dele. Ele ouvir as músicas chatas dela. Ouvir juntos músicas que todo mundo acha chata menos vocês. Rir sozinho. Rir do outro. Rir de qualquer coisa. Juntos. Fazer coceguinha nas costas. Ganhar coceguinha nas costas. Dormir abraçado. Ocupar a cama inteira pra dormir. Dormir só num cantinho porque ela é espaçosa demais. Acordar e mentir que sonhou com um poema só pra sussurrar o poema no ouvido dele. Acordar e tocar uma música pra ela. Ela rir envergonhada e dizer que ele faz voz esquisita quando canta. Esperar ela se arrumar. Se atrasar pra se arrumar. Lembrar quando vê algo. Arrepiar quando mexe no pescoço. Brigar. Se acertar em seguida. Rir da briga. Xingar. Dizer ‘é tu!’. Comer Xis da Cidade. Comer pizza do Cesinha. Perguntar se lembra que já comeram. Rir porque não lembrava. Comer tudo e depois ficar de cara. Dizer que nunca mais vão jantar. Fazer careta quando se vê. Comparar os bronzes. Colocar os pés no painel do carro. Brigar para tirar os pés dali. Prestar atenção no filme, abraçados. Não prestar atenção no filme porque não param de se beijar. Ganhar chocolate. Comer o chocolate surpresa. Ganhar presente sem data. Dar presente sem data. Ficar com vergonha de conhecer a família. Rir porque o outro está com vergonha. Brincar com os dogs. Escrever uma carta pela metade, porque brigaram por telefone enquanto escrevia. Dar a carta pela metade. Receber a carta de volta, com o resto escrito. Chorar por causa da carta. Prometer que nunca mais vão brigar. Dividir a cerveja. Dividir o cigarro. Dividir a vontade de ir morar na praia. Comida japonesa. Comer comida japonesa mesmo sem gostar. Sair com os amigos do outro. Colocar os pés em cima dos pés dele. Passar os braços na cintura dela. Apoiar os braços no ombro dele. Fazer dancinha pra comemorar. Se entender só com uma piscadela. Falar qualquer besteira só para o outro rir. Tocar violão. Ficar o vendo tocar violão. Ensinar ela a andar de skate (sem sucesso). Ensinar ele a ajeitar o lençol de elástico (sem sucesso). Chorar junto. Virar francês quando ela chora. Chamar de nega. Chamar de branquelo. Odiar e ter vontade de nunca mais ver. Abraçar e não querer soltar nunca mais. Pensar que pode ficar muito bem sem. Concluir que é mentira, já que é muito melhor ficar ‘com’. Andar de carro sem rumo. Deixar ela dirigir e ficar tenso. Ter vontade de beijar do nada. Ter vontade de dar um cheiro. Ataque de cócegas. Esquecer o passado. Viver o presente na manha. Deixar que o futuro aconteça. Ser feliz, não interessa até quando.

Ás vezes a gente diz que gosta de um jeito diferente.

-ICS

março 27, 2014

das cartas que eu não mando

“Caralho, será que ele não percebe a mulher incrível que está do lado dele?”

Não, ele não percebe.

Ele não percebe que os olhos dela brilham toda vez que entram em contato com os dele. Não percebe que ela aperta os lábios quando fica envergonhada. Não percebe que a risada dela fica mais gostosa quando está do lado dele.

Mas ela entende.

Ele não percebe que ela se arruma para ele, esperando ouvir que está linda. Que ela quer ser linda só pra ele. Que ela ri quando ele canta com a voz engraçada, mas se derrete toda com cada palavra que sai da boca pequena dele.

Mas ela entende.

Ele não percebe que quando ela quer tirar foto com ele não é pra se exibir para os outros, mas para mostrar que o coração daquela mulher incrível pertence a alguém.

Mas ela entende.

Ele não percebe que algumas lágrimas silenciosas caem pelas suas bochechas gorduchas toda vez que se sente deixada de lado ou que pensa nas vezes que ele a escondeu do mundo.

Mas ela entende.

Ela sempre entende.

E espera.

Até alguém a entender.



fevereiro 06, 2014

Chegou e desfez as malas


Querida companheira, que saudade!
Quando tempo eu não te sentia tomar conta do espaço
Sentar-se comigo para tomar um café
E fumar um cigarro.

Quanta falta eu senti
Do teu cheiro de nicotina nos meus dedos
Do sal das tuas lágrimas na minha língua
Do abraço gelado e solitário
Que só tu tens.

Que saudade, dor.

Seja bem vinda.

-ICS

janeiro 09, 2014

Das cartas que eu não mando


Eu sempre imaginei encontrar uma cara que me trouxesse paz, conforto e que me aceitasse exatamente como eu sou. Que tivesses os mesmos planos que eu, que imaginasse o mesmo futuro que eu imagino e que a vida acabasse como num filme.

Ai eu conheci você e com toda a certeza do mundo, você não era nada disso. Ao invés de paz, me trouxe um monte de novidade para a vida. O jeito desligado que me irritava, as caretinhas. O jeito que ajeitava os lábios para me chamar de neguines.

Ao invés de conforto, trouxe-me um novo modo de pensar, novos lugares para conhecer. Novas ideias para trabalhar.


Bagunçou tudo! Fez a calmaria virar montanha russa.


Ao invés de me aceitar como sou, fez com que eu descobrisse um “eu” que estava perdido dentro da minha alma: um ser muito melhor!


Nós somos muito diferentes, mas nós somos diferente de um jeito que, no fundo, eu acho perfeito. Mas eu não entendo nada de perfeição, então, pode ser que eu esteja completamente equivocada e falando um monte de besteira.


E no meu equívoco, eu vejo que apesar de tudo por mais rápido que tenha sido, a gente se complementou.


Você era o que estava faltando na minha vida e a única coisa que eu esperava, sinceramente, era ser o mesmo para você.


Se eu fosse uma mulher normal, agora eu expressaria de maneira pomposa o quão grande são meus sentimentos.Mas eu nunca fui muito normal!

E o que eu realmente queria dizer é para que nunca mude! Seja assim, livre, lindo e perfeito nas tuas imperfeições. Se eu pudesse, te queria agora, sem pensar no depois, sem pensar no que vai ser e sem planejar nada, como sempre foi.Te dar um cheiro enquanto te abraço e tu repousa tuas mãos na minha cintura.


Mas hoje, eu já não posso.

Só o que posso, é desejar que tu fique bem, meu branquelo.

Porque eu sou forte e por mais quebrada que esteja, sempre me colo.

janeiro 08, 2014

E no meu peito, a dor


E eu escrevi...
Escrevi como se não houvesse amanhã. Sangrei a ponta dos dedos de tanto digitar frases que falavam sobre nosso fracassado amor.  Foram páginas e páginas de lamentos. De amores e rancores. De desejos e também do ódio que eu senti ao lembrar de você.
Eu não lembrava como era sentir um abismo rompendo o peito.
Não sabia o que era perder a vontade de comer ou de dormir e sentir apenas aquele gelo na alma.
Fazia tempo que eu não me apaixonava de verdade.
Fazia tempo que eu não sofria assim, de maneira tão covarde!
 -ICS


novembro 15, 2013

Meu abandono



Fui embora mais uma vez
Te deixei na míngua
Não olhei para trás

Com um sorriso no rosto
Disse que tudo ia passar
Que eu já estava bem
E você também ia ficar

Doce ilusão!
Meu coração gritava
E meu espírito se rasgava
Tentando me avisar
Que eu deveria ser só tua.

Fui embora mais uma vez
Te deixando sozinho no quarto
Mas em meio aos livros
Cigarros e roupas espalhadas
Ficou metade de mim.

Fui embora pela metade.
Um pedaço lá ficara.

Junto ao teu corpo
Teus livros
Nossos ideais de luta.
Tua cama

Minha alma
Junto a tua.
-ICS

outubro 15, 2013

Carta aberta

Ontem te escrevi uma carta.
Reservei um pouco do meu tempo para que você soubesse, de forma clara o quanto eu te odeio. O quanto eu desejava que sofresse. Que sentisse a mesma dor que eu senti quando me abandonou. Queria que a cada palavra que lesse, sentisse o rancor que usei ao segurar a caneta.
Desejei com todas as minhas forças que derramasse exatamente o mesmo número de lágrimas que derramei sofrendo por te amar e acredite, não foram poucas.
Reservei um tempo depois de trabalhar o dia todo, para que tivesse clareza sobre os meus sentimentos.
O meu rancor, a minha raiva, a minha dor.
Dor.
Essa me acompanhou bastante tempo. Ao lembrar, ao falar, ao fechar os olhos e ter a impressão de sentir teu cheiro de perfume forte misturado com a nicotina e o tabaco.
Mas depois que terminei de traçar aquele amontoado de letras, parei.
Revi tudo que aconteceu.
Como num filme vi você passando por tudo que eu passei.
Nas devidas proporções, nos decepcionamos da mesma maneira.
Perdemos o respeito um com o outro. Perdemos o fio do sentimento que (ao menos eu acho) um dia tivemos. Nos xingamos, gritamos, bradamos e praguejamos bem alto.
E arrisco dizer que só não nos matamos porque na maioria das vezes, brigamos a distância.
Distância...
A maior companheira da nossa história. E a que finda, novamente, o término de mais um ciclo.
Ao reler o que havia escrito, peguei com carinho o papel manchado da tinta de caneta borrada pelas lágrimas chatas que sempre insistem em cair.
Calmamente rasguei ao meio.
Peguei os outros dois pedaços e rasguei novamente. E assim o fiz, até vê-la em dezenas de pedacinhos com riscos ilegíveis.
Não é justo fazer a mal a você. Planejar que sintas dor em uma data tão importante.
Eu, que por anos fizera planos de como passaria esse dia contigo, que bolo faria, como o surpreenderia,hoje fazendo de tudo para destruí-lo.
Senti-me um lixo. Ou pior que isso.
Queria que fosse feliz. Quero.
Quero te ver bem, falando alto, sendo grosso como sempre foi e dando aquele sorrisão esticado que só tu sabes dar. Quero te ver feliz, seja com quem for.
Vi que conseguiu passar essa data com alguém que te trata como um dia eu já te tratei e que, pelo andar da vida, talvez não o consiga nunca mais.
Talvez?
Feliz aniversário.
Hasta siempre.

setembro 02, 2013

Camisa vermelha

Olhei
Parei
Voltei

Quem é o maloqueiro?

Neguin largado
Com a barba por fazer
Olhar despreocupado.
Cheguei junto, pode crer

Beijei.
Gostei
Levei.

Sem pudor eu guardei
Com as mais doces memórias.

O arranhão que deixou a barba
O cheiro do suor
Que ficou no meu vestido.
E a voz grave que dizia
-cê é mó linda-

Gritei.
Gozei.
Gargalhei.

Pra sempre,neguin, gravei.
-ICS

Gotas de passado

Talvez eu não durma tão bem
Sem o teu boa noite.
E talvez eu não viaje tão bem
Sem teu boa viajem.
Quem sabe eu não viva
-tão bem-
Sem você.
-ICS

Tá chegando a hora

Deslocada
Era assim que se sentia
Em meio à selva de pedra e verdes em que vivia.
Sentia falta de algo que não sabia o que era.
Saudade do que nunca teve.
Vontade de ter pra sempre
Aquele que sentiu apenas uma vez.
Incompleta com o que insistia em se prolongar através dos meses.
Fugira mais uma vez.
Sentia que aqui não era o seu lugar
Não se encaixava em lugar nenhum
Sempre sobrava
Ou faltava.
Mas nunca completava.
Queria correr o mundo
Curtir um som legal
Se amar
Andar largada..
Sair do fim do mundo.
Ir embora
Para se encontrar.
-ICS


agosto 31, 2013

Ô glória

-Meu, ninguém nunca olha pro cara que vende as camisa...
-Como não? Você é 'mó' lindo.
-As mina nunca acha
-Então elas são muito burras!

Foi aí que eu me senti
Como alguém que acha um tesouro!

Eu era das poucas que viu
Uma das almas mais lindas
Que pode existir.

ICS

julho 29, 2013

Esse é só pra te dizer

E eu acho que o que me conquistou
Foi esse teu jeito todo errado!

Foi essa mania insuportável
De me cutucar as costelas.

Foi esse costume odioso
De me fazer cócegas infinitamente
De me morder em público.

Ou de colocar o pé pra eu tropeçar
-e eu sempre tropeço!-

Os papos malucos sobre et’s
Os sustos enquanto assistimos filme
A vontade de viajar junto.

O calor com que me abraça
O carinho quando mexe no meu cabelo
O sorrisão do tamanho do mundo.


A pose de durão
Que some
Quando eu faço teu doce predileto.


Ou ainda quando deixa um bigodinho maroto
Só pra eu parar de pentelhar.

Esse não é mais um poema
Que eu escrevoinspirada em você.
É só um amontoado de letras que eu uso pra dizer:
-Eu também estava com saudade.

-ICS

Admito

Ainda sinto a necessidade
De confrontar debates mentirosos.

Argumentos infundados
Muito me perturbam.

Assim como os teus.

Que fazem que eu abandone
qualquer indiferença
E dedique meu precioso tempo
Para desconstruir teus argumentos falhos.
-ICS

julho 26, 2013

Das coisas que não entende

Há tempos tornei-me indiferente
Pouco me importa o que fazes da vida
O que lê, escreve
Ou em quais corpos se aconchegou.

As dores que um dia senti
Foram tiradas de mim
Por alguém bom.

Ao contrário do que pensas
Não
Não continuo apegada ao passado
Apenas o uso de inspiração para os escritos
Que insistem em sair dos meus dedos
Que digitam sem pensar.


Inspiração
E nada mais.


Não se iguale ao que vivo ou vivi
Nunca me conheceste
Assim como não o conheci.

Vivemos em tempos distintos

Não jogues em mim
A culpa do teu sentimento
De incompetência em me fazer feliz.


Nunca quis que se sentisse culpado
O fizeste sozinho.

-ICS

Aviso aos leitores

Não sejam hipócritas!
Inspiração é diferente de sentimento
Escritores são assim
Sentem mais nas letras que no coração.
E o que não sinto, invento.

Aumento.

Escrevo com a alma, sim.
Mas ninguém disse que precisa ser verdade.
-ICS

julho 19, 2013

O que te incomoda mais: a nudez ou a orgia política?

Foi começar a ser divulgada a foto dos “Pelados da câmara de POA” que o falso moralismo começou a ecoar pelas redes sociais.

Vi de tudo. Pessoas desmerecendo o movimento, chamando de putaria. Exaltando o desrespeito com a ‘casa do povo’ que, diga-se de passagem, é casa daquele povo ali também. E sinceramente eu costumo ficar pelada em casa.

Eu não sei se tenho um cérebro avançado, se tenho o cérebro atrasado ou se vivo numa bolha, mas na minha concepção de mundo ver pessoas peladas em forma de protesto, NADA TEM DE CHOCANTE! MUITO MENOS IMORAL OU RETRÓGRADO.

Para mim, retrógrado é ver a coisificação do corpo da mulher em propagandas que fomentam o consumismo exagerado (e o machismo também). Imoral é viver em um país tropical, aonde todo mundo anda semi nu a maior parte do ano e faz um dramalhão quando vê alguns pênis e vaginas de pessoas que não são modelos.

Num país aonde a nudez (dita como arte) do carnaval é ovacionada não só pelos brasileiros, mas é um dos cartões postais do país, e quando usada como arte revolucionária, é vandalismo.

Num país aonde o banquete de R$28 mil que o presidente da câmara dos deputados Henrique Eduardo Alves (PMDB) ofereceu com o NOSSO DINHEIRO (pois foi custeado com suprimento de fundos) sequer é mencionado nas redes sociais afinal, os vândalos estavam pelados.

Penso, meus queridos moralistas de plantão, que está na hora de colocar a mão na consciência e rever seus conceitos. Pois se a corrupção te assusta menos que órgãos genitais, acho que os seus valores estão meio deturpados.

E se ficar pelado for o caminho para a revolução, com licença, já estou tirando as meias.

Ingra Costa e Silva.

julho 18, 2013

Mês VI


Passaram-se mais 30 dias
Descompromissados
Lado a lado
Desavisados
E sem rumo...

Viajando pela nossa estrada
Sem destino certo.
Traçando caminhos únicos
Desenhando uma nova história.

Deixando-se levar, apenas,
Por sorrisos sinceros
Abraços quentes
E carinhos sem ter fim.

-ICS

julho 11, 2013

Era um 12 anos

O barulho das teclas da máquina de escrever ecoavam dentro da velha casa de madeira.
Na mesa, algumas folhas amassadas e um copo de whisky. 
Mulheres não costumavam beber isso. 

Mas ela não costuma ser como as mulheres.
Fumava. Bebia. 
Fodia com quem queria.
E sofria.

Sofria como nenhum cachorro sarnento de rua jamais sofrera.
Agoniava.

Toda vez que lembrava de seus amores era como se suas vísceras fossem arrancadas com as unhas afiadas de uma águia.

Tec tec tec.
Seus dedos que procuravam letras freneticamente quase sangravam.
E ela preferia que fosse assim.

Quem sabe com o sangue escorrendo das mãos, a dor seria direcionada.
Pois já não aguentava sua alma mergulhada em agonia.

-ICS

Tec tec tec

E quando a tristeza não pode escorrer pelos olhos
Ela corre pra os meus dedos
Que digitam freneticamente
Como se a cada letra que eu batesse
Tirasse um pouco do peso
Que hoje carrego no coração.
-ICS

Abandono

Talvez não tenha nada mais cruel
Que a dor do abandono.

É uma dor lancinante
Destruidora

Percorre as entranhas
Corrói de dentro pra fora.

Machuca.
Destrói.

Ouvir passos que não são os teus
Uma risada que não é a tua

Sentir o vento nos meus cabelos
Sussurrando que você não vem

E que mesmo sem você vir
As estrelas continuarão brilhando.

O céu continuará azul
E os teus olhos, marejados,
Verdes.

-ICS

junho 29, 2013

Do diálogo que temos diariamente em pensamento

E aí, no que você tá pensando?
Nada. E você?
Que eu sei que ainda pensa em mim.
E tu em mim.Só isso?
...

E que ao menos a tua voz continua a mesma.
...

Tomara que afunde esse barco maldito!
Tomara.
Boa noite.

Boa noite é?
...

Boa.

-ics