Antigamente eu escrevia apenas
quando sofria (e como escrevia!). Com um punhado de letras metralhava o “oponente”
com palavras afiadas de tristeza. Foram anos escrevendo e (se) ferindo com
frases e orações escolhidas no fundo do abismo mais profundo da alma.
Meses se passaram e nenhuma
palavra saiu pelos dedos. As armas foram guardadas, as lágrimas secaram e silêncio
reinou. Hoje, voltei a derramar as velhas conhecidas lágrimas, como naquele
tempo. Mas pela primeira vez, chorei sem sofrimento e tristeza. Chorei de
saudade, de sentir falta do cheiro, do gosto. Chorei porque vou ficar longe. Chorei
porque parei de escrever sobre dores. Chorei porque finalmente entendi: ágape.
Hoje, escrevo sobre cores. As
cores que direciono para as pessoas que me fazem bem. Pra você, são todas elas.
Uma mistura alegre e colorida de tudo que precisa para transformar o mundo. O
nosso mundo! Que a cada dia, a cada desafio como esses tantos km que nos
separam agora, pintamos um pedacinho.
Batendo hoje com suavidade nas
teclas dessa velha máquina, continuo a escrever. Com um sorriso tranquilo e a
lembrança do calor do teu peito. Agora, um novo capítulo. Talvez, inspirado em
alguma obra já existente, em alguma heroína já existente. Ser Anita é uma boa, quem sabe.
ICS